ATA DA TRIGÉSIMA SEXTA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 08.09.1992.
Aos oito dias
do mês de setembro do ano de mil novecentos e noventa e dois reuniu-se, na Sala
de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua
Trigésima Sexta Sessão Solene da Quarta Sessão Legislativa Ordinária da Décima
Legislatura. Às dezessete horas e quatorze minutos, constatada a existência de
“quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão
Solene destinada a entregar os Títulos Honoríficos de Cidadão Emérito aos
Senhores Vilson Fermino Bagatini e Laci Osório, através dos Projetos de
Resoluções nºs 11/92 e 55/91 Processos nºs 486/92 e 3040/91) respectivamente,
de autoria dos Vereadores Airto Ferronato e João Motta. A seguir, o Senhor
Presidente convidou os Lideres de Bancada a conduzirem ao Plenário as
autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Vereador Airto
Ferronato, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Professor
Vilson Fermino Bagatini, Homenageado; Senhora Lourdes Bagatini, esposa do
Homenageado; Poeta Laci Osório, Homenageado; Senhora Gisele Osório, esposa do
Homenageado; e Vereador João Motta, Secretário “ad hoc”. Após, o Senhor Presidente
registrou a presença, no Plenário, do ex-Vereador Elói Martins; Senhor Pedro
Alvarez; Senhor João Bosco Vaz; Senhora Julieta Batistioli, primeira mulher
eleita Vereadora nesta Casa; Senhor Pilla Vares, Secretário Municipal da
Cultura e Senhor Jorge Buchabqui, Secretário Municipal de Educação. A seguir, o
Senhor Presidente pronunciou-se acerca do evento e concedeu a palavra aos
Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Lauro Hagemann, em nome da
Bancada do PPS, reportou-se sobre o evento, ressaltando que esses momentos são
raros porque conduzem a ref1exão e a retrospecção. Discorreu sobre a vida do
Senhor Laci Osório, falando de suas poesias dirigidas para o social. Saudou os
Homenageados. O Vereador Omar Ferri, em nome da Bancada do PDT, falou sobre a
homenagem hoje prestada, comentando a vida de ambos e suas origens. Discorreu
sobre episódios ocorridos como Senhor Vilson Bagatini. Desejou sucesso aos
agraciados. O Vereador João Dib, em nome da Bancada do PDS, disse ser
surpreendido com a idade do Senhor Laci Osório, mas sendo o mais importante a
experiência, o caráter, com isso o tempo perde o sentido. Reportou-se sobre a
exposição de motivos do Senhor Vilson Bagatini citando trechos da mesma. O
Vereador Airto Ferronato, proponente e em nome da Bancada do PMDB, comentou
sobre projeto que institui a analise e aproveitamento de obras do poeta
desconhecido. Falou sobre a vida do Senhor Vilson Bagatini, discorrendo sobre
sua atuação como educador junto as crianças deficientes mentais do Rio Grande do
Sul. Ressaltou o despreendimento dos Homenageados por suas contribuições à
comunidade. O Vereador João Motta, proponente e em nome das Bancadas do PT, PTB
e PV, disse ser oportuno o momento para homenagear o Senhor Laci Osório,
falando sobre as obras realizadas pelo mesmo. Citou homenagem pela Prefeitura
Municipal de Alegrete ao Poeta, através de caderno especial da Folha do Pampa,
lembrando sua atuação naquela comunidade. Em continuidade, o Senhor Presidente
convidou os presentes para assistirem, de pé, a entrega dos Diplomas aos
Homenageados pelos Vereadores Omar Ferri e João Motta. A seguir, o Senhor
Presidente concedeu a palavra ao Senhor Vilson Fermino Bagatini, Homenageado,
que relatou sobre sua vinda para Porto Alegre, comentando o incentivo recebido
pelo trabalho com excepcionais. Agradeceu a todos que o ajudaram a percorrer
seu caminho. O Senhor Laci Osório, Homenageado, falou sobre as lutas que
empreendeu durante sua vida e de sua emoção, afirmando que continua se
apoiando, apesar de deficiência física em seus amigos. Citou poemas de sua
autoria. A seguir, o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e, nada
mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às dezoito horas e
trinta e quatro minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão
Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos
Vereadores Airto Ferronato e João Dib e secretariados pelo Vereador João Motta,
Secretário “ad hoc’. Do que eu, João Motta, Secretário “ad hoc”, determinei
fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será
assinada pelo Senhor Presidente e 1º Secretário.
O
SR. PRESIDENTE (Airto Ferronato): Damos por aberta a presente Sessão Solene
destinada a homenagear com o título Honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Vilson
Fermino Bagatini e ao Sr. Laci Osório, conforme Proc. nº 0486/92, de autoria
deste Vereador e Proc. nº 3040/91, de autoria do Ver. João Motta, ambos
aprovados por unanimidade da Casa. O Ver. João Motta homenageia o Sr. Laci
Osório e, este Vereador, o Sr. Vilson Fermino Bagatini.
Queremos registrar, em nome da Câmara
Municipal, nossa satisfação por estarmos presidindo os trabalhos desta Sessão
Solene e saudamos a todos aqui presentes.
A Mesa está composta pelos nossos
homenageados e suas respectivas esposas; também está compondo a Mesa o
ex-Vereador Elói Martins e a primeira mulher eleita nesta Casa, Sra. Julieta
Batistioli.
Com a palavra o Ver. Lauro Hagemann, que
falará em nome da sua Bancada, o PPS.
O
SR. LAURO HAGEMANN: Prezado Ver. Airto Ferronato, presidindo esta Sessão;
prezado Prof. Vilson Fermino Bagatini e Senhora Lourdes Bagatini; prezado poeta
Laci Osório e Senhora Gisela Osório; Srs. Vereadores, especialmente os
ex-Vereadores desta Casa, Elói Martins, Pedro Alvarez e Julieta Batistioli.
Esta Casa vive hoje um dos seus raros momentos de emoção. Principalmente num
ano como este em que se debatem as contendas eleitorais, estes momentos são um
pouco raros porque produzem uma calma, uma tranqüila tarde de reflexão, de
retrospecção e graças à iniciativa dos Vereadores Airto Ferronato,
proporcionando este título de Cidadão Emérito ao Dr. Vilson Bagatini, e do
nosso companheiro João Motta, propondo o título de Cidadão Emérito ao nosso
querido poeta Laci Osório. Me deterei mais na figura do poeta Laci Osório a
quem me ligam os laços profundos de muito tempo. Laci Osório é um verdadeiro
menestrel do socialismo, porque as suas poesias, muitas delas ilustradas por
figuras conhecidas, enfeitam as nossas paredes, não só desta Casa, como ali no
corredor, mas também as casas de muitos de nós, com sua temática sempre
dirigida para o social, sem perder o assento poético. Laci Osório é dessas
figuras vindas do interior como muitos de nós; enraizou-se aqui na Cidade
grande e produziu essa espécie de ser humano, respeitado, amado por todos os
que o conhecem. Os anos já não fazem diferença para essa cabeça privilegiada,
esperamos que ele ainda permaneça conosco por muito tempo trazendo as luzes da
sua arte; iluminando os caminhos dessa terra com o jeito que lhe é peculiar.
Falar sobre a obra de Laci Osório acho que deixarei para os oradores que
irão-me suceder, que terão mais engenho e arte para falar dela, e depois, o
próprio homenageado que, certamente, nos legará mais uma das suas lições
inesquecíveis. Só queria dizer quem em nome do Partido Popular Socialista, que
sucede ao velho Partidão, nós, hoje, nos sentimos muito orgulhosos da presença
nesta Mesa recebendo esta homenagem e dos companheiros ex-Vereadores que vieram
aqui prestigiá-lo. Nós não podemos, nos tempos que correm, ignorar certas
verdades que devem ser ditas. Os velhos comunistas ainda estão aí. Não é nenhum
demérito, é uma constatação e uma constatação muito forte, muito especial,
porque é uma idéia que não morreu. Com erros, com percalços, com equívocos, com
acidentes, mas é uma coisa que permanece na mente dos homens, e o velho
menestrel canta esta idéia, esta utopia com muita sapiência, e é por isso que
ele recebe hoje esta nossa homenagem, a homenagem da Cidade de Porto Alegre que
ele adotou como sua segunda terra, como muitos de nós adotamos esta terra como
nosso terra privilegiada, que nos viu desenvolver as nossas atividades, que
muitas vezes nos maltratou, mas que nas horas mais necessárias nos deu alento
para prosseguirmos nossa caminhada. Por isso meu velho companheiro, que muitos
anos possamos contar contigo. Meus parabéns, a Cidade, hoje, se engalana ao
receber no rol de seus cidadão eméritos esta figura destacada, e recebida com
muito carinho. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Queremos registrar a presença em Plenário do Secretário
Municipal da Cultura e do Secretário Municipal da Educação.
Vamos conceder a palavra ao Ver. Omar
Ferri que fala pela Bancada do PDT.
O
SR. OMAR FERRI: Exmo. Sr. Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto
alegre, Ver. Airto Ferronato; Ilmo. Sr. Laci Osório e Sra. Osório; Ilmo. Sr.
Vilson Bagatini e Sra. Bagatini. Faço de forma toda especial nomeação ao meu
grande amigo, companheiro de jornadas, de longas caminhadas por esta América
Latina afora, Vereador com muita honra e os demais Vereadores com assento nesta
Casa, com destaque todo especial ao grande lutador Pedro Alvarez, que está
presente. E, Sra. Julieta Batistioli, primeira Vereadora do Município de Porto
Alegre. Embora nós estejamos chegando ao fim desta legislatura, confesso aos
Senhores e as Senhoras que esta é a primeira vez em que o Vereador deve, num
discurso só, homenagear dois ilustres Senhores. Ilustres com renome estadual,
um no campos dos esportes e outro no campo da política e da sociologia, além de
escritor e poeta. Coincidentemente dois grandes amigos. O Wilson Bagatini eu me
ligo a ele porque me ligo a toda sua família, com muita honra e muito prazer.
Ele era criança em Encantado, estudava no Grupo Escolar Farrapos e era aluno da
minha Senhora, Maria Helena Marque que foi professora, igualmente, do irmão
dele. Eu me criei em Encantado, principalmente com a família Bagatini, aqui
está a Elili, minha companheira de bailes e a Jurema, grande líder. Acho que a
Jurema foi a primeira presidente de um clube esportivo no Rio Grande do Sul.
Líder no setor de esportes como o seu próprio irmão. Mas me lembro,
principalmente do Bernardo Balduino Bagatini. Esse cidadão passou poucas e boas
comigo. Não havia ocasião em que eu me encontrasse com o meu amigo Bernardo que
não brincassem comigo. Me lembro que ele sorria, com aqueles dentes enormes,
com as brincadeiras que eu fazia. E me lembro, Laci, que havia na região
colonial italiana, aqueles escritores do tipo da região da campanha, escritores
que contavam a saga do imigrante italiano. Me lembro da história do Naneto
Pipeta, que aparecia em capítulos no Estafeta Rio Grandense, que trazia essa
história que mais ou menos dizia assim, “História de Naneto Pipeta” (Faz
citação em italiano), traduzindo: vida, obra, morte e milagres de Bernardo
Balduino Bagattini o homem que veio da Picada Stroppa, da Picada Argola para
fazer a fortuna em Encantado, imitando e parodiando o Naneto Pipeta. Mas o
Bernardo chegou em Encantado, construiu um Restaurante, uma Churrascaria e um
Hotel colaborando assim, para o engrandecimento econômico e comercial da nossa
terra, e por isso que agora, vindo de há mais de 20 quilômetros de onde eu
estava distribuindo convites para um festa fiquei me indagando: esta solenidade
eu tenho que estar presente por vários motivos, porque existe um Laci, um velho
lutador de têmpera dos tempos que a palavra, a ideologia, a força, o entusiasmo
e o ideal dos cidadãos valiam. Agora não valem mais nada, eu digo até que eram
os tempos heróicos da política do Brasil, do nosso Estado. Hoje se rouba e se
diz que não se rouba, mas todo mundo sabe que roubam, mas que cara de pau, mas
como que pode existir políticos tão deprimentes, tão desgastantes como os que existem
hoje, não é, Elói? No nosso tempo a gente tinha o fio do bigode, do gaúcho
indômito, muitas vezes retratando a alma a poesia do gaúcho, do ideal, do
pampa, a alma traduzida em poesia pelo Laci Osório, e a Saga do italiano posta
na realidade pelo trabalho, pela coragem, pelo desempenho, e pela dedicação de
Vilson Bagatini. Os filhos estão por aí, todos eles foram a semente da família
Bagatini que se estenderam pelo Rio Grande afora, e com destaque, com muito
destaque, a ponto de tanto o Motta como o Ferronato sentirem a necessidade de
homenagear estas duas pessoas que muito contribuíram, de alguma forma, para a
sociedade em que nós vivemos, um na arte, na política, nas idéias e o outro no
esporte, na formação profissional, na dignidade pessoal do cidadão, “mens sana
in corpore sano”, nosso aforismo máximo.
Eu sempre digo com muito prazer, porque o
Wilson Osório, grande amigo meu de mais de uma década e o pai dele, quando nos
visitava no escritório profissional de Crespo e do Matheus Schimidt, com muito
prazer nós recebíamos – eu recebi livros com dedicatórias do Poeta Laci. Tenho
suas poesias, de vem em quando as leio.
Então, Laci e Bagatini, em nome do PDT, em
nome da minha Bancada, em nome do meu Partido, venho juntamente com os demais
Colegas e Companheiros, homenageá-los, desejar felicidades para os Senhores,
para as esposas e respectivas famílias, e dizer que, com tranqüilidade, a
Cidade de Porto Alegre está prestando esta homenagem a dois dos filhos mais
ilustres do Rio Grande do Sul; um que representa a fronteira e outro que
representa a serra, a região colonial, como numa espécie de símbolo de duas
raças que se entrechocam e que se entrelaçam e que construíram com ideal a grandeza do Estado do Rio Grande do
Sul.
Meus parabéns ao Wilson. Meus parabéns ao
Laci Osório. Muito obrigado. (Palmas.)
(Revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Registramos a presença do Ver. Antonio Hohlfeldt em
Plenário.
Concedemos a palavra ao Ver. João Dib,
quem fala em nome da sua Bancada, o PDS.
O
SR. JOÃO DIB: Ver. Airto Ferronato, que preside esta Sessão; meu caro poeta
Laci Osório e Dona Gisela Osório; meu caro Professor Vilson Bagatini e Dona
Lourdes Bagatini; ex-Vereadores aqui presentes, amigos do Laci Osório e do
Vilson Bagatini. Eu me surpreendi há poucos minutos atrás tentando saber a
idade do Laci Osório, porque na Exposição de Motivos que deu razão a essa justa
homenagem, ele tem três idades, sendo que uma até muito recente, nascido em
1991. Mas aí eu pensei que não tem nenhum sentido o tempo, pois eu digo tantas
vezes que a idade de um homem não se mede pelo espaço que medeia entre o berço
e o momento, mas se mede pelas suas experiências, pelas suas alegrias, pelas
suas decepções, e por certo o Laci Osório tem muitas alegrias, tem muitas
decepções, tem muitas tristezas. Mas, tem uma coisa que ele não mudou: não
mudou seu caráter, não mudou o seu jeito de ser, tem as mesmas convicções, tem
a mesma seriedade, e no momento triste que vive este País é bom saber que
existe gente que tem o mesmo caráter ao longo de toda a sua vida. E é por isso
que eu disse o tempo não tem sentido. O Laci Osório pode multiplicar a sua
idade por dois ou dividir por quatro, que daria tudo na mesma coisa porque ao
longo do tempo ele acumulou juventude e esta juventude ele faz extravasar nas
suas poesias, nos seus escritos, e isso para nós é muito bom. Pessoas de
convicção, pessoas de caráter, pessoas que tenham moral, e é merecida a
homenagem. Mas por certo, o Laci sabe tão bem quanto eu que a Dona Gisela deve
ter inspirado muitas poesias e deve lhe ter impulsionado a fazer com que ele
viva tranqüilo até agora e vai viver por muito mais tempo. E ali, aparentemente
mais jovem, está o Bagatini. Também homenageado de hoje por esta Casa e que a
Gisela faz força para o Laci, mas a Lourdes faz para o Bagatini, então com uma
torcida destas o juiz acerta sempre. Está sempre bem, bem e em frente. Mas as
razões, a Exposição de Motivos do Ferronato para elogiar, para dar o título ao
Bagatini são muitas. Mas eu vi uma coisa aqui que me impressionou: ele criou os
jogos metropolitanos de estudantes excepcionais com uma frase, e já faz 20 anos
que esses jogos se repetem, e a todos eles ele tem comparecido. Esta frase é
extremamente importante: “Eu quero vencer, se não for possível, ao menos
deixe-me tentar”. É uma lição, é um ensinamento para todos nós. Porque eu acho
que todo indivíduo deseja vencer, mas nem todos os indivíduos tentam. Esta
prece é alguma coisa que tem que ser lembrada todos os dias. É por isso que eu
digo que o tempo não tem sentido. Eu não sei qual é o mais jovem: se o Laci, ou
se é o Wilson? Porque a experiência de um homem é que lhe dá o tempo de vida;
as alegrias que ele tem é que lhe dão estímulo para continuar vivendo, e as
tristezas fazem com que ele reformule tudo e tente seguir em frente. Mas, se
ele estiver bem acompanhado fica mais fácil. E, além das esposas, dos filhos,
existem os amigos. E quantos amigos estão aqui hoje, porque os dois estão aqui?
Isto é muito importante: ter amigos.
O título que os dois recebem: ode Cidadão
Emérito, significa que Porto Alegre está esperando mais ainda de vocês. Que o
Laci continue escrevendo suas poesias, dizendo as suas verdades, mostrando a
sua convicção e firmeza. E, o nosso Bagatini continue o desportista fiel e
forte que é, levando a todos a mensagem de otimismo, de saúde, de paz, mas
também só faz isso quem tem caráter, e quem tem convicção. Então, a Bancada do
PDS saúda os dois homenageados de hoje. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Convido o Ver. João Dib para assumir a Presidência, neste
momento, para falar em nome da Bancada do PMDB, neste ato.
(É feita a troca de Presidência.)
O
SR. PRESIDENTE (João Dib): Com a palavra, o Ver. Airto Ferronato, que
falará em nome da Bancada do PMDB.
O
SR. AIRTO FERRONATO: Exmo. Ver. João Dib, neste ato presidindo a Sessão;
nosso homenageado, poeta Laci Osório e sua esposa, Sra. Gisela Osório; nosso
homenageado Prof. Vilson Fermino Bagatini e sua esposa, Sra. Lourdes Bagatini;
ilustres Vereadores aqui presentes, nossos amigos aqui presentes, Senhores e
Senhoras. Inicialmente, eu trouxe para a Tribuna um Processo de autoria do Ver.
João Motta, que concede o Título ao nosso ilustre Poeta Laci Osório, até porque
sei que o Ver. João Motta vai falar especificamente sobre a vida e obra deste
nosso poeta. Eu tomo liberdade de ler, Motta, a primeira frase da Exposição de
Motivos: (Lê.) “Nestes seus 80 anos de vida, o “mosaico” Laci Osório, poeta,
prosador, jornalista, político, já foi livro, suplemento jornalístico de literatura,
poesia, ilustração do artista plástico Danúbio Gonçalves e outros.” Hoje à
tarde, eu tive o prazer de conversar com técnicos da Secretaria Municipal de
Cultura a respeito de um Projeto que apresentei aqui na Câmara há 2 ou 3 meses,
onde estamos propondo que seja instituído na Secretaria de Cultura de Porto
Alegre um organismo que tenha por função a análise do aproveitamento e
avaliação de obras, apresentadas pelos
nossos inúmeros poetas desconhecidos aqui na nossa Cidade, na nossa juventude.
Quem de nós não é um poeta, não escreve alguma poesia, alguma música? Nós
teremos em Porto Alegre um organismo público voltado, basicamente, a esse tipo
de trabalho, que é extraordinariamente rico na nossa Cidade. E neste momento,
em que estamos aqui para homenagear duas importantes figuras, que hoje recebem
este importante Título. O Prof. Vilson Fermino Bagatini, que eu tive o prazer
de apresentar a proposição e que foi aprovado por unanimidade aqui na Casa. O
nosso homenageado Vilson distinguiu-se como desportista e educador. É bacharel
em Educação Física, pela Universidade do Rio Grande do Sul, e iniciou a sua
carreira como jogador de futebol profissional no Esporte Clube Juventude e no
Flamengo, de Caxias do Sul onde se sagrou campeão do interior e vice-campeão do
Estado. “É árbitro de futebol até a presente data, e já arbitrou 970 jogos, 22
dos quais na França, durante o Campeonato Nacional Universitário. Atleta da
Seleção Universitária do Rio Grande do Sul em handebol e futebol de campo,
chegou a vice-campeão brasileiro em 1971. Treinador da equipe de handebol do
Instituto Porto Alegre, obteve o título de campeão internacional na Argentina.
Mas não é apenas por seu excelente desempenho na área de esporte que hoje
estamos-lhe rendendo esta homenagem. É pela sua atuação como educador,
especialmente junto às crianças excepcionais”, aqui do nosso município, do
estado, do país. E eu tive a oportunidade de no mês de julho participar de um
encontro, onde havia educadores voltados à área deficiente, de toda a América
Latina. Portanto, o nome Wilson Bagatini extrapola o Rio Grande do Sul e muito
mais a nossa Encantado. É um nome internacional reconhecido nesta área. “É
Bacharel em Pedagogia pela Faculdade de Educação Ciências e Letras e em
Orientação Educacional, com pós-graduação em Estimulação Precoce, na PUC,
mestrado em Educação na mesma universidade e curso de pós-graduação em
Psicomotricidade na Universidade de Paris. Wilson Bagatini criou os Jogos
Metropolitanos de Estudantes Excepcionais – JOMEEX – que há vinte anos se
realizam anualmente”, como o Ver. João Dib já havia aqui colocado. “Ele ajudou
a organizar os primeiros jogos nacionais de Apaes e Escolas Especializadas,
hoje denominados Olimpíada Especial do Brasil, já na sua 10ª edição. Da mesma
forma, auxiliou a criação das Olimpíadas Estaduais de Apaes e Escolas
Especializadas – Olimpíadas Especiais do Rio Grande do Sul, também na sua 10ª
edição. Foi sua profunda experiência nesta área que inspirou a publicação de 10
livros sobre Educação Física para Deficientes. A atuação de Wilson Bagatini
entre os alunos da Escola Especial Recanto da Alegria, nestes últimos 23 anos,
é exemplo de dedicação ao próximo. Exemplo que procuramos seguir, prestando
nossa modéstia colaboração na condição de legislador. Integrar os deficientes
ao processo de cidadania tem sido um dos nossos objetivos aqui na Câmara, e
algumas vitórias neste sentido nós já alcançamos”. Criamos uma lei que hoje
aprovada em Porto Alegre, onde nós temos obrigatoriedade que os poderes
públicos treinem pessoas para o atendimento específico como uma forma de
recepcionista ao nosso deficiente auditivo. Temos também em tramitação na Casa
uma proposta da instituição da Loteria Raspadinha de Porto Alegre onde os
recursos seria destinados à área voltada aos deficientes. Eu acho que é um
momento oportuno para aqui se registrar e que já tenho ouvido uma série de
comentários a respeito da proposta dizendo que seria uma proposta
inconstitucional. Não entendo desta maneira e vejo como possível Porto Alegre
implementar um tipo de Projeto que venha carrear recursos destinadas ao
atendimento específico da pessoa deficiente aqui no município.
“Senhoras e Senhores, Vilson Bagatini já
foi homenageado centenas de vezes, recebeu troféus, medalhas e cartões de prata
pelo magnífico trabalho que vem realizando ao longo de todos esses anos junto
aos deficientes mentais.
Com o título de Cidadão Emérito que ora
lhe conferimos, a cidade de Porto Alegre adota esse filho de Encantado, meu
caro conterrâneo, reconhecendo a grandiosidade de sua trajetória marcada pelo
amor e desprendimento para com o próximo.
Em nome de meus concidadãos, quero
agradecer, neste ato solene, a Vilson Bagatini e ao nosso poeta Laci Osório,
pela inestimável contribuição prestada a nossa comunidade. Obrigado.” Um abraço
a todos. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Airto Ferronato): Com a palavra o Ver. João Motta, que fala
em nome da sua Bancada, o PT, e pela Bancada do PTB e pela Bancada do PV.
O
SR. JOÃO MOTTA: Exmo. Vice-Presidente da Câmara Municipal, Ver. Airto
Ferronato; Ilmo. Sr. Homenageado Professor Vilson Bagatini sua esposa Lourdes
Bagatini; querido poeta Laci Osório e Gisela Osório; Secretário da Cultura
Pilla Vares; Senhores e Senhoras. Considero que em um momento muito oportuno a
Câmara Municipal de Porto Alegre oferece esta distinção à pessoa e a obra desse
alegretense que adotou a cidade de Porto Alegre e aqui produziu o melhor de seu
trabalho e de sua vida política. Laci nasceu em Alegrete e ali concluiu,
naquele município, o seu curso primário. Publicou seu primeiro poema, ainda em
Alegrete, antes de instalar-se definitivamente em Porto Alegre já colaborava
com inúmeros veículos de comunicação e revistas por todo o Estado. Foi
colaborador do Suplemento Literário Diário de Notícias e do Jornal a Razão, de
Santa Maria, e de Revistas de Alegrete e outras de Porto Alegre. Chegando aqui
tornou-se repórter da Tribuna Gaúcha e correspondente dos Semanários Nossa Voz,
do Rio de Janeiro e de São Paulo. Também prestou contribuições, já naquela época,
expressando seu talento. Em mil novecentos e quarenta e quatro, quando o Estado
Novo dava sinais de esgotamento, teve um de seus cadernos de poesias, “Peão de
Estância” e outros editados pela Editora Globo da Cidade de Santa Maria. Fez
curso de tradição e folclore, de extensão cultural e teatro na Universidade
Federal do Rio Grande do Sul. Seus poemas foram traduzidos para diversas
línguas, para o Espanhol, para o Russo e também foi premiado em concurso numa
época, pela Associação Brasileira de Escritores e pelo Clube de Cultura. O
poema “A Tosquia” foi musicado e temos também, sobre a promoção da Divisão de
Cultura da Prefeitura outras homenagens a Laci Osório. Foi colaborador, também
do caderno de Sábado do Jornal Correio do Povo e até hoje continua colaborando
com sua pena para diversos suplementos literários de nosso Estado e de nosso
País. Hoje, antes da homenagem, já me confessou que acabou de fazer um poema a
pedido do Pilla Vares para homenagear a Frente Popular. Foi preso político em
face de sua militância no Partido Comunista Brasileiro, o Partidão, sendo
exilado durante o Estado Novo. Seus livros e revistas, com artigos, foram
apreendidos pela polícia política da época. Recentemente a Prefeitura e a
comunidade Cultura de Alegrete homenagearam o Poeta, através de um caderno
especial da Folha Pampa, contendo artigos e mensagens da obra poética de sua
pessoa. Portanto, Sr. Presidente, Senhores e Senhoras, acho que uma feliz
coincidência traz para junto de nós essa grande figura e essa grande talento
humano que é Laci Osório. Pois, exatamente, como, alguns anos atrás, cantava
outro poeta; “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer” por uma feliz
coincidência nós estamos homenageando Laci Osório quando esse país resgata a
dignidade na política e o espírito de cidadania dos quais sempre Laci Osório
foi uma expressão. Portanto, a tua homenagem, Laci Osório, é o revivo e o
resgate da esperança de todos aqueles brasileiros, homens e mulheres, que
acreditam na dignidade da política, no “Impeachment” do Presidente, na
democracia e no socialismo.
Meu grande abraço e a minha homenagem.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Convido o Ver. Omar Ferri para entregar o diploma de
Cidadão Emérito ao Sr. Vilson Fermino Bagatini.
(O Sr. Omar Ferri faz a entrega do diploma ao Sr.
Vilson Fermino Bagatini.) (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE: Convido o Ver. Motta para entregar o diploma de Cidadão
Emérito ao Sr. Laci Osório.
(O Sr. João Motta faz a entrega do diploma ao Sr.
Laci Osório.) (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE: Vamos conceder a palavra ao nosso primeiro homenageado da
tarde de hoje, o Sr. Vilson Fermino Bagatini.
O
SR. VILSON FERMINO BAGATINI: Sr. Vice-Presidente da Câmara, ora presidindo
a Mesa, Ver. Airto Ferronato, autoridades presentes, Senhoras, Senhores, meus
amigos, queridos pais de alunos. Chegamos em Porto Alegre em dezembro de 1968.
De lá para cá, passaram-se 24 anos. Por que hoje estou recebendo esta
homenagem? Devo dizer que aquela frase – “Eu quero vencer e, se não for
possível, ao menos deixem-me tentar.” (Palmas.)
A grande responsável por isso é a minha
grande amiga Elili Bagatini. Fui visitá-la em Ipanema, onde fazia um curso para
excepcionais, e lá brinquei um pouco com estas crianças. E uma diretora, que
presidia a Associação Rio-grandense de Professores de Excepcionais, na época
dirigindo a Escola Especial Recanto da Alegria, disse para ela: - Elili, teu
irmão leva jeito. Vamos convidá-lo para trabalhar conosco?
E ela disse: - É hora de convidá-lo,
porque ele está vindo para Porto Alegre. Largou o Futebol profissional para
fazer o curso de Educação Física e quer trabalhar em Porto Alegre.
E, a partir dali, eu entrei na Faculdade
de Educação Física às 8h da manhã e à 1h da tarde eu comecei a trabalhar com
excepcionais. De lá para cá se passaram 24 anos. E nunca pude esquecer esta
frase “Eu quero vencer, mas se não for possível, ao menos deixe-me tentar”. E
eu tive oportunidade de tentar, e é assim que se faz na vida, se dá
oportunidade às pessoas e hoje a muitas pessoas eu tenho dado oportunidade
mesmo que elas acham que não têm condições, eu insisto que elas têm condições e
faço com que elas comecem a trabalhar. Muitas diretoras passaram nesse período
de 24 anos, todas elas me pagavam, diariamente, com incentivos, e não existe
nenhum pagamento maior que o tapinha nas costas como incentivo que a gente
recebe, pois este pagamento que me fez cada vez mais me apaixonar pelo meu
trabalho com os excepcionais. E muitas vezes, muitas vezes mesmo, eu recebi
incentivos dos pais, que era a máquina propulsora do meu trabalho. Os alunos,
diariamente, me incentivavam, me ensinavam muita coisa que eu não aprendi em
Faculdade. Eles me ensinavam e eu pude desenvolver este trabalho. Eu não me
esqueço, jamais, de uma frase que eu disse para um aluno, “Lute, atleta do
Recanto de Alegria, ainda falta um segundo”. Foi quando ele foi para uma
Olimpíada, onde nós estávamos, para correr uma prova de 4 por 100 metros. O
primeiro atleta correu, levou 10 metros de vantagem dos adversários. O segundo
atleta da minha equipe correu e manteve os 10 metros de vantagem, entregou para
o terceiro. O terceiro correu, perdeu os 10 metros de vantagem e perdeu mais
uns 5 metros, entregando para o quarto, cinco a dez metros atrás das outras
equipes. Ele começou a correr e parou, mas na mesma hora arrancou e foi
correndo, correndo, e chegou praticamente meio metro atrás, em segundo lugar, e
dirigiu-se para mim, disse: - “Professor eu ia parar, mas aí me lembrei que o
senhor disse “Lute, atleta do Recanto, ainda falta um segundo”. Isso me
emociona muito. É isso que me faz trabalhar 24 anos com excepcionais. Essas
coisas é que emocionam a gente, que não tem dinheiro no mundo que pague esse
trabalho. Outra vez, de uma forma mais hilariante, viajando para o Rio Grande,
eu disse para um aluno que estava com a cabeça para fora do ônibus: “Ô Fulano,
coloca a cabeça para dentro porque daqui a pouco passa um ônibus e arranca tua
cabeça”. Ele respondeu: “Professor, tu já imaginaste chegar lá em Rio Grande
sem cabeça?” Então, existem muitas histórias também muito hilariantes. Mas eu
devo agradecer muito a Darcy Luzato, Diretor da SAGRA, que me ajudou a publicar
dez livros e que acreditou em mim. O primeiro livro é sempre difícil. O
primeiro, o segundo e o terceiro, mas depois os editores correm atrás dos
autores. A ele, Darcy Luzato, eu agradeço muito por ter me ajudado. Agradeço
muito ao Verno Emílio Kerchten, o nosso colega da Federação Gaúcha de Futebol
que acreditou em mim e conseguiu junto ao Rotary Clube Porto Alegre – Sarandi
uma bolsa de estudos que me mandou para a Universidade de Paris durante os anos
de 84 e 85. Lá eu tive oportunidade de viajar por quinze países da Europa,
desde Portugal até a Rússia. Conheci mais de dez cidades da Rússia, ex-União
das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Desde Leningrado até Odessa. Mas eu devo
agradecer muito ao pessoal da FIEP na pessoa de Almir Grhun, hoje o responsável
pela realização daqueles congressos em Foz do Iguaçu. Devo agradecer muito aos
presidentes da APEFRS, Associação dos Professores de Educação Física do Rio
Grande do Sul, que muitas vezes me apoiaram nas minhas iniciativas. Devo
agradecer aos presidentes da LBA, ao Rotary Clube Porto Alegre Sarandi, a APAE
de Porto Alegre que hoje está na presidência o meu amigo Paulo Sérgio Leite
Becon que transformou uma sala em um lugar que hoje se pode administrar através
das empresas de Porto Alegre que tem feito muito trabalho e merecem o nosso
elogio, porque atende mais de 250 excepcionais. Também a Federação Nacional das
APAES que é a mãe das APAES do Brasil. Hoje englobando mais de mil APAES no
Brasil. Ao conselho Regional de Desportos, à Secretaria de Educação, ao
Sub-Secretário de Desportos do Estado do Rio Grande do Sul, à Federação Gaúcha
de Futebol e ao Colégio Bom Conselho, que sempre está com as portas abertas
para eu poder realizar o maior evento da América do Sul em torno da criança
deficiente. Trabalhei lá dez anos, e faz oito anos que eu deixei o Colégio e,
ainda, o Colégio continua a minha disposição. Agradeço a imprensa, principalmente
na palavra de Lauro Quadros e Pedro Ernesto Denardin, que nunca deixaram de
apoiar as iniciativas nossas. Toda vez que nós tínhamos algo para divulgar em
torno dos excepcionais, lá estavam eles nos apoiando, e os outros, também, em
um nível menor. Não posso deixar de agradecer o pai da Educação Física no Rio
Grande do Sul – Jacinto Targa – Professor Jacinto Targa, meu colega que sempre
esteve presente, sempre lutou para a Educação Física no Rio Grande do Sul. Não
posso esquecer do Nelson Salles, saiu de Florianópolis e veio aqui para esta
homenagem, veio me prestigiar e que abre as portas do Brasil para mim. Mais de
oitenta cursos já ministrei em todos os Estados do Brasil, conheço de norte a
sul, de leste a oeste, graças à educação especial. Muitas vezes tive
oportunidade de ministrar cursos fora do Brasil, na Argentina, no Uruguai, no
Paraguai e inclusive tendo estas oportunidades graças a Nelson Salles e Almir
Grhun. Dentro da área esportiva, não posso esquecer do homem que entrou
praticamente no mesmo ano em que entrei na Federação Gaúcha de futebol, um
ex-diretor do Internacional, mas que depois que assumiu a camisa preta do juiz
de futebol, nunca mais nos largou, Sr. Nestor Ludwig, esteve sempre conosco.
Muito obrigado por sua presença. E, tudo isso, se eu pudesse rasgar este
diploma e dar um pedacinho para cada um, eu daria para Valderi Terres de
Freitas, Paulo Bertoletti, para todos os meus colegas que estão aqui,
principalmente os professores do Recanto da Alegria. Foram cinqüenta e três por
cento da minha vida que eu passei dentro do Recanto da Alegria. Enfim, eu não
queria deixar ninguém de fora. Quero agradecer o homem que mais trabalhou em
grenais do Rio Grande do Sul, Justimiano Goularte e ainda Carlos Kruse. Esta
dupla está aqui prestigiando também seu colega de arbitragem, juntamente com
ValdirVioni que é o nosso ex-presidente do Sindicato, e Ingorn Xronbauer, com
seus filhos. Também João Gutierrez, meu colega, que também esteve sempre
conosco, criou esses jogos conosco há 21 anos. Se eu esqueci alguém, me
perdoem, mas todos me ajudaram a chegar onde estou, eu não cheguei sozinho. E
esses colegas que me aturaram por 24 anos no Recanto da Alegria, eu os
abandonei, mas podem ter certeza de que não é por muito tempo. Eu saí para ir
ajudar a realizar um sonho das mães do Cristo Redentor, das mães do Recanto da
Alegria, da Elili Bagatini, que tinha idéia de fazer uma escola para jovens
acima de 18 anos, porque o RS só tinha escola que atendia até os 18 anos. E
agora, com o CAZON – Centro Abrigado Zona Norte, que fica lá, no triângulo da
Assis Brasil, no dia 28, provavelmente, estaremos inaugurando os 5 prédios que
atenderão a mais de 200 aprendizes com mais de 18 anos. Então, estou indo para
lá, para dar uma força e tentar fazer um trabalho com adulto, que sempre foi o
sonho da Etelvina Oliveira, da Elili Bagatini, dos pais do Recanto, dos pais do
Cristo Redentor, enfim, da comunidade, principalmente dos pais, quando as
crianças começam a ficar com mais idade e não há ninguém que as atenda. Também
tem uma pessoa que sempre esteve ao meu lado, sempre me apoiando: Lourdes.
(Palmas.) Eu quero te agradecer, pois tu sabes o quanto eu te judio por causa
dessas coisas; quantas vezes a gente até briga por causa disso; mas sempre me
entendeste e me deste um grande incentivo. Então, muito obrigado a todos. Muito
obrigado pelas palavras do Omar Ferri, do João Dib, do Airto Ferronato, do
Hagemann, enfim, das pessoas todas que nos citaram e que nos conhecem também há
bastante tempo. Desculpem se esqueci alguém, mas podem ter certeza, pais,
alunos, ainda vou incomodá-los por mais 5 anos no mínimo. Muito obrigado a
todos que estão aqui, ao Oliveira, que veio com seu filho, que eu vi nascer e
que hoje está com 14-15 anos; ao “Peixinho”, - o Jaime Wenner dos Reis – esse
mestre da Faculdade de Educação Física da UFRGS, Professor de natação, que está
sempre conosco ministrando cursos. Eu disse pra ele: “Coloque somente uma frase
no seu currículo que já é alguma coisa. Diga para todo mundo que você conseguiu
fazer o Vilson Bagatini aprender a nadar. “Este é o grande mérito dele!”
Então, para terminar, eu quero repetir
novamente a frase: eu quero vencer mas, se não for possível, ao menos deixe-me
tentar. Obrigado a todos que me deram chance de tentar porque eu era um
porto-alegrense de fato há 24 anos, hoje, eu me considero um porto-alegrense de
direito. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Vamos conceder a palavra ao próximo homenageado, nosso
poeta Laci Osório.
O
SR. LACI OSÓRIO: Senhoras e Senhores. Vivo como é compreensivelmente de se
sentir, vivo uma hora cheia de emoção. No momento em que dei entrada neste
recinto, encontrei meus velhos amigos de lutas, de grandes lutas, lutas
culturais, lutas políticas, lutas de dignidade. Não é o que faço, isso os
senhores disseram aqui. Então, eu sinto uma emoção enorme. Eu tenho a
deficiência de voz, a deficiência auditiva, são deficiências físicas que tenho
e estou enfrentando, mas tenho algo ao meu lado que é o grande apoio moral dos
meus amigos.
As palavras de Lauro Hagemann são palavras
de irmão; as palavras de João Motta, orador me saudou, Ver. João Motta compõe e
honra o quadro político cultural que está atento e vigilante quanto ao trabalho
parlamentar que significa Câmara de Vereadores, povo de Porto Alegre. Ele vem
dos nossos heróicos bairros pressupondo a história de uma população em sua
maioria, e, no interior do Estado, lá onde se acumulam dificuldades decorrentes
do latifúndio, do arcaico sistema de produção responsável por esse colar de miséria
em torno da maioria das nossas cidades, o monopólio da terra. João Motta é
parte integrante, consciente, e por que não dizer desse povo brasileiro. Não
apenas esses que estão alinhados nas centrais sindicais, no consenso político,
nos movimentos estudantis abrangentes de todas as organizações. Sinto a
evidente deficiência, mas eu continuo me apoiando moralmente nos meus amigos.
Eu ofereço o que eu tenho, tenho três
mensagens aqui. Tem uma pessoa que está exercendo uma certa vigilância muito
boa, muito amiga, temendo que eu vá estender. Não. Terão apenas cento e poucos
poemas que eu vou dizer.
(Lê os seus poemas.)
“Dois Violinos. Em memória de Lila Ripoll e
do festival da canção com a presença de Neruda.
Calçou de operários a estrutura / pontuou
de camponês a sinfonia.
O sol Neruda aprisionou no canto.
Solene e operário / vem Neruda / com cantigas/para as bocas sem canção.
Na Rosa do Chile / há mineiros de mãos
iluminadas.
Torre dos Andes / sinos de estrofes /
salmodiam vozes/de violinos ciganos/que Lorca confiou a Pablo.
Cantam gêmeos de amor / esses dois
violinos.
Nas galerias do carvão a esperança / na
Espanha de Lorca / o coração.
De um lado o vôo de condor / do outro /
aquarelas de sangue - Pinochet.
Carro de guerra - general na noite /
fuzila punhos que imitam espigas.
O futuro, o luar e a canção / - cantam
gêmeos de amor os dois violinos.”
Dizem que sou poeta ecológico –
generosidade.
Dourou frutos lá no bosque / gritando um
verde selvagem/sob um silêncio de céu.
As árvores falam pela voz do vento.
As árvores amam / o pólen / o perfume/o
amor/berçários do fruto / que nasceu da flor.
Lá em cima / nas cordas do vento/solfejou
a ramaria / e as árvores murmuram vozes / que o pássaro entende / e agradece
aos deuses / o sumo do fruto que se faz canção.
Ela é cálice – desabrocha em flor/como um
céu se coloriu de estrela/abram nuvens pra que eu possa vê-la/enfeitar a terra
feita assim de amor.
A raiz da árvore / sugando a seiva /
sangue verde coagulado em ramos/essência doce da pitanga rubra.
Madeira que se fez berço / Casa donde
iniciei meus passos.
Pingos de sol goteando na sombra.
Árvore sonora dos violinos/está tocando
para nosso sonho.
(E a árvore associou o pássaro / à doce
Elis Regina / que cantando o amor – cantou / yo tengo tantos ermanos / y yo tengo una ermana /que se ilama libertad.
Na árvore mora a abelha, cristais / de mel
– sons de asas.
De sementes musicais / amanhece Ester
Scliar/meiga estatura de ritmos/eram corais operários / orquestrando à
primavera.
Todas árvores são jovens/à sombra solos de
infância / cirandam mata e horizonte).
Tem no sol a fonte do sustento / tem na
fronde a interjeição do vento/cada árvore fala um dialeto / no seu corpo
vegetal de árvore / sua polpa luminar de mármore / esculpe letras para o alfabeto.
Açucarou frutos para a criança / se
fotografou pássaro e verde.
E asas douradas colorindo / rasgam a bruma
e lá vão zumbindo / o pólen de amor fez a magia / abotoa grinaldas de maçã / e
a árvore se casa na manhã / quando o pássaro entoa a melodia.
Árvore oxigênio / eu respiro essa árvore.
Poros de sal e fermento / flagrante
fragrância de pão.
Raiz e humo clorofila acesa / dia, noite,
sol e fruto à Mesa / suave árvore do painel da estrada / se te arrancam dos
raios e dos caminhos / o que e resta dos frutos e dos ninhos / - ó árvore
estátua mutilada?
Pálpebra da terra – filtra a luz/verde
palco de balé e sonhos / pautou cantigas para o nosso amor.”
“Poema da Frente Popular
Laci Osório
A Frente é a terra / com gosto de pão / a Frente é o que somos / me chama de irmão.
Eu venho do bairro / que é a minha
morada/me pede pousada / e eu não negarei.
O braço operário / lavrador dos trigais/a
roda e a luz / a letra e o alfabeto / medindo as estrelas / somando infinito.
Eu sou mão sem-terra / acenando às
auroras.
Bigorna Ferreira / eu sou aço azul.
Guaíba – entre as ilhas / é a lua e navega
/ trensurb apita / na paisagem lunar / casal açoriano / nos barcos de branco /
vieram berros de tropa / e ali no horizonte / um porto de frutas.
Este é o panorama / de rio e cidade.
Nossa voz é aliança / de voto e esperança
/ - as horas por urna / são a nossa batalha - / os sons nos orquestram.
Há música e ritmo / e soam os sino s/ e as
searas ondulam / em nossa esperança/conjugam história.
Os sons da ciência / no laboratório/ritmo
e rumo / a arte que vem / do piano e violão / um “venha” da tropa / e a gaita
campeira.
Nossa voz coletiva / ganha luta nas ruas.
(A greve é o caminho / o pincel é o que escreve
/ no muro de pedra/preso na greve/por causa do pão / Zé escreve no chão: / eu
não como / mas ele não dorme / e um
sorriso enorme / ilumina esperança.)
Frente é o que vemos / e é em nós que se
apóia / a criança é a jóia / mais bela que temos.
Soletra cantiga / o livro e a escola /
muito mais esperança / é a própria certeza / de nosso futuro.
Os sons da consciência / nos diz
socialismo / levando a criança / pelas mãos e o sonho.
(Socialismo é harmônico / eis nossos
órgãos / trabalham em ritmo / - o meu coração / nutre meu corpo / meus passos
caminham / em comendo meu cérebro)
Panorama é o ritmo / - transcende o poema.
Começamos com a luz / -Usina gasômetro / é
o horário-cronômetro.
Indústria enfeitada / na hora em que a rua
/ se veste bonita.
Tecelagem tecendo / vem vestir minorias.
Domina espetada / chaminé vem fumando.
Fios de cobre estendidos / e amarelo de
sol / vem o Bonde Carris.
De cores e sons / como nuvens de chuva /
faz-se a arte abrangência / se vestindo de história.
Lavoura tão fértil / que dá tantas
plantas.
Da massa social / que erra e acerta.
É o laboratório.
Mil postos-saúde / jardim e escola / no
bairro carente / - não impedimos impomos - / se joguem sementes / - liberdade é
consciência / irmãos companheiros / de arado e tear / queremos a terra /
palpitando de auroras / incendiada de sóis.”
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Registramos e agradecemos a presença de todos.
Encerramos a presente Sessão.
(Levanta-se a Sessão às 18h34min.)
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